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sábado, 13 de abril de 2019

Perdão e seu poder libertador.


PERDÃO, E O SEU PODER LIBERTADOR.

“Tenho orado muito e pedido a Deus direção, sabedoria e discernimento para todas as coisas, mas ainda não sinto que devo perdoá-lo. Quando penso em restabelecer a vida conjugal, me vem cenas dele com a outra e sinto nojo dele. Estou totalmente perdida !!!”,  desabafa a paciente com sua conselheira.

A ferida na alma dessa mulher é tão grande que ela acha que não deve perdoar o marido, e mais, sente nojo dele e se declara perdida. O perdão é uma questão de escolha, de razão e não de emoção. Sentimentos e emoções, são coisas do coração, então, com um coração ferido vai ser fácil  perdoar? Não vai mesmo.
Perdoar a pessoa que tentou destruir uma  família é algo que chegamos a pensar que não é coisa para humanos, mas para seres divinos. E o cristão é esta pessoa, participante da natureza divina, que tem uma centelha de Deus no seu ser. Creia nisso,  perdão exige renúncia de direitos. Normalmente, em casos assim, nos sentimos no direito de ter raiva, de destruir o outro.

Quero contar algo muito pessoal. Havia alguém que me desafiava todas as vezes que me encontrava. Para um homem ser provocado através de gestos e ameaças verbais é um desafio a sua masculinidade. Fui alimentando um ódio contra a tal pessoa a ponto de armar uma estratégia para tirar-lhe a vida. Então convidei um amigo para que se juntasse a mim, uma vez que também nutria por aquela pessoa o mesmo ódio, ao menos era o que eu imaginava. Mas o que este amigo me disse me desarmou: “Ismael, você está tomando veneno e esperando que seja o outro que morra. Você está querendo queimar a sua casa para matar um rato? Para jogar a água suja da bacia está jogando o bebê junto? É isso que quer fazer?”. Desisti da ideia, mas do ódio não. Passado algum tempo tive uma depressão que foi a causa da minha conversão a Jesus Cristo. A primeira coisa que o meu pastor perguntou foi isto: “ Você está alimentando ódio contra alguém?”. Ao que lhe respondi afirmativamente. Ele disse: “Você vai orar por essa pessoa”. Eu disse: “Não, é certo que não. Não quero e não estou disposto a fazer”. Aí, ele me contou a história do credor incompassivo ( Mt 18) e me mostrou ali que quando não perdoamos alguém, vamos junto com ele para as mãos dos verdugos, ou atormentadores espirituais. Então, querendo a libertação da depressão comecei a orar por ele, mas com um amargo na boca, sem nenhuma vontade e dizia para Deus: ”Vamos lá, para mais uma seção de hipocrisia” e fazia uma oração pedindo que o Senhor o abençoasse. Mas os dias se passaram e fui percebendo alguma mudança em mim, já não tinha mais aquela descarga de adrenalina quando via o meu inimigo, o frio na barriga havia desaparecido. E nesse meio de tempo, Deus foi criando oportunidades e situações de maneira tal que em poucos meses eu estava conseguindo olhar para ele e ele para mim, ao mesmo tempo em que a depressão estava indo embora. Entendi que primeiro obedecemos, depois compreendemos. Hoje eu não ando de mãos dadas com ele, não dou tapinhas em suas costas, mas conseguimos conviver em paz e até já fizemos negócios comerciais. 

No caso do adultério, não tem jeito de trazer de volta a alegria de uma casa, sem antes acontecer a liberação do perdão por parte do ofendido. Com isso mostramos que somos filho Dele e assim Ele nos dá a recompensa. E olha, o perdão deve ser facilitado. Muitas vezes, a vítima do adultério dificulta o perdão ao ofensor. Já vi casos onde a esposa resolveu dar uma lição no marido e fez greve de sexo e permaneceu assim por um tempo maior que o razoável, sabe o que aconteceu? O marido foi embora de vez. Somos estimulados por Jesus a sermos pacificadores, promotores do bem e da paz. E isso é uma condição para a felicidade, “Bem aventurados são os pacificadores, pois eles herdarão a terra” ( Mt 5).
Os danos provocados pela decisão de divórcio são altamente destrutivos e vão gerar consequências ao longo do tempo. As crianças são as maiores vítimas e doenças emocionais e transtornos de comportamento podem ser esperados, por mais tranquila que possa parecer a escolha.
Arrepender-se, abandonar o erro, pedir perdão e ser perdoado e assim reconstruir a vida é a melhor opção.
"No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, ...” Isaías 30:15
A primeira coisa que os envolvidos devem fazer é pedir perdão pelos pecados cometidos, incluindo aí, os cometidos contra o cônjuge, contra a família e contra Deus.
O arrependimento deve ser genuíno e não somente porque deu errado. Deve-se buscar isso, procurando transformar a tristeza em arrependimento conforme Paulo ensina aos coríntios:
“2Co 7:10- Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento, para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.”
Ficar triste com o fato ocorrido por si só não move o mundo espiritual. A tristeza transformada em arrependimento diante de Deus, essa é que gera algo novo no mundo espiritual, a vida.

Que o perdão seja completo.

O perdão é o melhor remédio para conflitos, é a ferramenta de Deus para por fim a eles. Perdão é questão de inteligência, pois o não perdão acarreta doenças psicossomáticas e autoimunes, tanto é assim que muitos casos de canceres são desencadeados após problemas de relacionamento como perdas, rupturas, mágoas e ressentimentos prolongados. Entendeu porque é questão de sabedoria. Mas não podemos pensar o perdão sob essa perspectiva apenas, seria muito egoístico demais. Creio que devemos perdoar para sermos perdoados, para não adoecermos, mas essencialmente por amor. Quem ama pessoas imaturas sabe de antemão que pode ser ferido, logo, deve antecipadamente estar preparado para perdoar quando necessário. O problema que é que somos imaturos em alguma área da vida, e a possibilidade de errar a qualquer momento está sempre presente.
Muito bem, uma vez decido perdoar como deve ser esse perdão? Daquele tipo que diz: “Eu te perdoo, mas fica longe de mim!”. Ora, se a decisão é pelo perdão, então que seja o perdão completo, total, nada de meio perdão, pois meio perdão é não perdão.
Que o teu coração seja sempre sábio para discernir o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto e que em meio a isso, reserve um espaço a para a graça e a compaixão para com os mais fracos, aqueles que ainda não amadureceram onde você já amadureceu.






O QUE VAI TRAZER A CONFIANÇA DE VOLTA?
Confiança é um sentimento de que o outro vai se comportar de forma esperada e desejada, isso, baseado em um relacionamento anterior onde houve uma prova de merecimento. Ela leva tempo para ser adquirida, mas deixa de existir em poucos minutos.
Quando há a quebra da confiança, é possível voltar a ter a segurança e confiar de novo, não é tão fácil, mas perfeitamente possível.
A pessoa traída tem que melhorar a sua autoestima para não se sentir inferior e agravar suas crises de ciúmes. Depois, à medida que o tempo vai passando, experiências boas vão sendo vividas, a insegurança vai indo embora desde que não haja fatos novos para atrapalhar. O parceiro ofensor deve contribuir tendo uma vida transparente e com disposição para dar explicações. Provas de merecimento serão necessárias. Haverá situações em que eles têm de negociar, por causa da incapacidade de prever o comportamento do outro. Com o tempo e correção de atitudes, transparência e paciência, a confiança estará voltando. É um período de reconstrução e não se pode exigir a confiança do outro sem antes dar mostras seguras, aprovadas pelo tempo, de que houve mudanças.


AS RECAÍDAS EMOCIONAIS.
Um marido a quem ajudávamos num momento de desespero após ter notícias do adultério da esposa nos confidenciou:
“Pastor, eu já perdoei ela, estamos procurando ajustar bem nossas vidas, já decidimos que o melhor é botar uma pedra sobre o acontecido, porém, às vezes, especialmente quando minha alma anda vagueando, de repente me vem um pensamento terrível. Um ódio me invade o peito e tenho vontade de ir de encontro a pessoa que se envolveu com minha esposa e atacá-lo com um pedaço de pau. Na verdade, naquele instante, penso mesmo em matá-lo a pauladas.”
Isso é uma recaída, e é muito normal que aconteça. Por algum tempo esses pensamentos e sentimentos podem surgir do nada. É preciso ter calma, não deixar a mente vaguear. O segredo é não ruminar, não trazer de volta palavras, imagens, fatos. Ressentir é sentir de novo um mal. Mude o foco, desvie o pensamento, não alimente os desejos da mente que é de ficar remoendo o acontecido. Um período de oração pode trazer libertação necessária.
Prestou atenção nessa carta acima. Minha mãe dizia que o Diabo ajuda a fazer, mas não ajuda a esconder.

Não abra novas feridas.
“A palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” Pv15.1
É preciso tomar cuidado nesse momento porque as palavras também tem um poder destrutivo muito grande, tão ofensivo quanto o adultério em si. Especialmente aquele que errou, deve redobrar a sua paciência e tolerância com eventuais desequilíbrios da pessoa ferida.
É preciso tomar algum cuidado para que o fato adultério não se transforme em uma obsessão, quando só se fala nisso, briga a todo instante e a coisa parece que não vai mais ter fim. Muitas vezes o casal está caminhando bem, tentando reaver o que perderam e de repente se levanta, no momento impróprio, as velhas acusações e a alegria vai se embora. Isso não é bom. O casal deve limitar o tempo que fala sobre o assunto, caso contrário, esse tema se “assenhora” da vida do casal impedindo que a confiança comece a renascer.
Quando estiverem dialogando, procure fazer de modo civilizado e amistoso, caso contrário, o outro pode chegar a conclusão de que realmente não vale a pena continuarem juntos. Os ânimos vão estar alterados, mas não se pode perder o controle. Procure tratar um problema por vez. Fazer uma pilha de acusações e lançar sobre o outro só vai aumentar a tensão e não haverá tratamento adequado.
A Bíblia nos conta a história de um casal em um conflito, e a mulher diz::
“Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim.” Ct 7:10
Ela o tinha tratado com descaso, mas se arrependeu e o buscou para uma reconciliação. Ela fez isso de maneira apaixonada. Ela é uma mulher que provoca saudades nele e não afastamento. Tem pessoas que se desequilibram, perdem a moderação e empurram o outro para mais longe ainda. E às vezes o empurrão é tão forte que o outro cai no colo de alguém.











COMO APAGAR DA MENTE IMAGENS,
CENAS E LEMBRANÇAS RUINS?
Bem, na verdade, esquecer não é possível, mas vai chegar um tempo em que a dor já não será tão aguda. A mente humana vai perdendo o registro , a nitidez, à medida que o tempo vai passando. Mas de imediato, o caminho é substituir pensamentos ruins por aquilo que nos dá esperança, não deixando a mente se fixar naquilo que faz mal. A Palavra de Deus é algo bom para a cura dos sentimentos. Faça lista de promessas de vitórias, de texto que encorajam, recite, declare textos que edificam a fé, e assim, se podem apagar as setas inflamadas que ferem a alma. Tenha nas mãos canções que tragam mensagens positivas, para assim não deixar a mente vazia, mas sempre ocupada com coisas saudáveis.
Diante de quadros assim, você tem que fazer uma escolha em seu coração, escolher viver, refazendo a vida esquecendo-se das coisas que para trás ficam, veja o que Deus aconselha :
“Esqueçam o que se foi: não vivam do passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto ou abrir um caminho e riachos no ermo.” Is 43:18-19 ".
Duas coisas Ele manda fazer, esquecer o passado e se preparar para o novo que Ele vai fazer acontecer. Esquecer não é tão simples assim, mas é possível treinar a mente para não aceitar que ela fique trazendo (ruminando) fatos, imagens, palavras, e atitudes que aconteceram e marcaram a vida, ou seja, não autorize, não permita ficar pensando, pensando, pensando e sofrendo.
E fazendo assim, ao mesmo tempo, prepare a sua mente para o novo que Deus irá fazer. É preciso crer que Deus não irá destruir você, mas sim, irá redirecionar sua vida colocando um fato novo no seu coração de forma que possa superar o passado. Tenho estado com pessoas que passaram por
esse mesmo problema, e posso afirmar que a vida delas foi redirecionada. Os três últimos casais com quem tive contato, todos eles se apegaram com Deus com toda força e passaram e estudar sobre relacionamento conjugal e por fim quando se deram conta estavam liderando grupo de casais, ministrando, testemunhando ou organizando eventos em sua igreja. Não que isso tenha que ser exatamente assim, mas é certo que o novo de Deus sempre vem, de forma inesperada, grandiosa, sobrenatural. Esse novo são os rios no deserto que ele diz que abrirá.
O grande erro é afastar da igreja, pois ali é onde a fé é alimentada, onde a esperança se renova. Veja, uma brasa não pode ficar fora do braseiro.
Continuar sofrendo apenas não vai resolver e de fato a vida corre perigo, a saúde emocional, os relacionamentos, tudo vai perdendo o brilho. Chega um momento que é o tempo de se levantar do choro, fortalecer-se em Deus, e buscar de volta a alegria conjugal que se perdeu ( leia sobre isso em ISm 30).
Já passei por maus bocados em minha vida também, e um dia, quando tudo estava escuro, alguém me disse: Ismael, o Diabo é covarde e ele irá te empurrar para que você caia, e irá fazê-lo pelas suas costas, e então, quando ele te empurrar, você tem que estar posicionado de uma forma que você irá para mais perto dos pés de Jesus, ainda que caia, mas caia aos pés do Senhor. E funcionou comigo, quando a crise chega, eu me apego com Deus, me silencio, aquieto, e fico em oração, converso com Ele e procuro palavras na Bíblia nas quais eu devo me firmar. Uma delas que sempre uso é esta: " Por que a mim se apegou em amor, eu o livrarei, pô-lo-ei a salvo, e o glorificarei porque conhece o meu nome." Sl 91.
Tome a decisão de viver e de refazer sua história com a ajuda e na força de Deus.
Tentar controlar o outro através de ciúmes não funciona por muito tempo.
“Há dois meses meu esposo foi participar de um treinamento de 5 dias em um hotel com a empresa, e lá conheceu uma moça e acabaram trocando telefone. Depois de alguns dias marcaram para sair e meu esposo me traiu com ela. No mesmo dia, Deus teve misericórdia de mim e me mostrou a traição. Quando ele chegou em casa foi mandar uma mensagem pra ela e "sem querer" enviou a mensagem para o meu celular. E Eu descobri tudo. Ele jura que não passou de beijos, que se encontraram em um restaurante e aconteceu isso. Eu, em desespero, fui para casa dos meus pais, chorava muito, descontrolada, sem acreditar no que tinha acontecido. Imaginar que eu marido, depois de 10 anos juntos, havia beijado outra mulher. Ele também entrou em desespero no trabalho, ligou para os pais dele que também se desesperaram. Desestruturou toda nossa família. E depois de dois dias ele foi na casa dos meus pais me pedir perdão, chorando, se mostrando arrependido, dizendo que não sabia como fez aquilo. Resultado: eu o perdoei! Voltei pra casa, nós estamos juntos pela misericórdia do Senhor. Ocorre que já se passaram um mês e meio e eu ainda choro muito, sinto dor quando lembro do que aconteceu, às vezes não me conformo, pergunto “porquê” se o nosso amor sempre foi tão bonito, como ele se deixou envolver?
Bom, mas o que fazer diante de um quadro assim. Vai tornar-se um fiscal do outro, vai policiar a vida dele, vai prendê-lo numa gaiola? Isso, num primeiro momento de desespero pode até funcionar em parte, mas ninguém aguenta viver assim por longo período. A confiança tem que logo ser restabelecida, e a medida que vão caminhando juntos a cura vai acontecendo paulatinamente. Trabalhando com uma mente investigativa e desconfiada só vai dar continuidade a um processo de distanciamento.

Por Ismael R Carvalho

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