Por Ana Maria Fonseca Zampieri
Existe um ciclo de vida dos amores conjugais que tem crises previsíveis nos tempos modernos. Obviamente, isto é didático e as fases podem se sobrepor.
Nas relações conjugais e familiares, o liberalismo e o autoritarismo excessivos promovem endividamentos e desorganizações que se refletem nas relações implícitas e explícitas das gerações familiares.
Os amores possíveis no casamento, metaforicamente falando, são:
Aghape: o amor em projetos comuns na vida: filhos, matrimônio e carreira, entre outros.
Filos: é o amor do companheirismo, da amizade, do afeto e da cumplicidade.
Eros: é o chamado amor químico, da atração, da paixão, do sexo e do desejo.
Existe um ciclo de vida dos amores conjugais que tem crises previsíveis nos tempos modernos. Obviamente, isto é didático e as fases podem se sobrepor.
Fase 1: A paixão
Na fase da paixão,acontecem as escolhas co-inconscientes e co-conscientes de parceiros. O homem, habitualmente jovem está pleno de testosterona e no apogeu do desejo, de seu papel de sedutor. A mulher, cheia de estrogênios, está na sua plenitude reprodutiva e receptividade sexual.
Os biólogos estudiosos do casamento dizem que a feniletilamina é a molécula do amor. Está presente especialmente nos quatro ou cinco primeiros anos do casal a partir do momento em que se apaixonam.
Na paixão acontece em uma idealização do romance. Chamamos de relação eu – eu, a esse fenômeno onde a pessoa apaixonada vê no outro o que espera, maximizando as qualidades e minimizando os defeitos. Eros é o amor mais presente nessa etapa.
A crise previsível dessa fase é chamada de luto da paixão.
Acontece neste momento de haver mais responsividade, menos romance, muito trabalho e desidealização romântica.
A relação eu - tu Fica aos poucos mais estabelecida, onde um enxerga muito mais o outro como ele é de fato e faz-se necessária a legitimação das diferenças.
A fase 2 é a chamada etapa de formação do casal conjugal, também carregada de ideais e expectativas sobre o que seja a relação conjugal.
Os valores das famílias de origem manifestam-se com mais força.
Os amores eros, quente e aghape,compromissos, passam a co-existir com mais intensidade. Diz-se que sob a ótica hormonal, acontece o efeito ocitocina que produz busca de intimidades, onde a mulher quer mais romance, e o homem, mais sexo.
A crise previsível da fase 2 na formação do casal conjugal ocorre com os choques de expectativas um do outro, da vida, das facilidades e dificuldades encontradas na conveniência diária.
O contato com a realidade se intensifica. É uma relação eu – tu, como já dissemos, onde podem existir algumas desilusões, e o contato físico, de carinhos, pode ficar menor. Nesse momento pode ocorrer a busca de filhos.
A fase 3 é a formação do casal parental, do casal de pais, quando surgem novos papéis de pai e mãe, além dos já existentes de marido e mulher.
Os amores presentes são: eros, filos e aghape.
A relação que se estabelece é a eu – nós, ou seja, eu mulher ou marido mais seu cônjuge e seus filhos. Quanto mais maduro estiver o casal sobre o ponto de vista emocional mais facilmente conseguirão espaços para lidar com as diferenciações que existem, e mais facilmente serão superadas as dificuldades.
A crise previsível da fase 3 dá-se com os pequenos afastamentos onde o amor eros diminui, e os amores aghape e filos crescem. A chegada de filhos muitas vezes pode sobrecarregar o jovem casal que, preocupado com esta grande responsabilidade, pode ficar com pouco espaço e estimulação para o amor erótico.
A prolactina na etapa de amamentação, pode diminuir o impulso sexual da mulher. Choros de bebês, sono interrompido, preocupações e ansiedades novas poderão naturalmente estressar o casal.
A fase 4 é a de filhos adolescentes. Nessa etapa pode ocorrer a busca pro-ativa do orgasmo feminino. O homem estará mais envolvido sexualmente, mais aberto a intimidades e carinhos.
A ocitocina é chamada o hormônio da super cola dos relacionamentos. São esperadas as famosas crises de meia idade com estresses característicos. É a fase de avaliação da construção do patrimônio familiar, da educação e saúde de filhos e, muitas vezes, de cuidados com os pais mais velhos.
As crises previsíveis da fase 4 apresentam tendências a isolamento. Pode acontecer o chamado divórcio emocional no casal conjugal, quando eles ficam juntos mas com baixo desejo sexual, rotina e amor eros frio. Pode haver depressão e infidelidades sexuais, algumas vezes onde o marido se interessa por jovens de idades próximas às de seus filhos recém saídos do ninho.
A fase 5 que é a chamada da meia idade ou do ninho vazio apresenta uma revisão da vida.
Podem surgir novos desafios que exigem apoio recíproco, para a menopausa e a andropausa do casal, dependendo se será com ou sem reposição hormonal, com maiores índices de saúde, bom humor e esperanças para novos alcances existenciais. Hormonalmente falando, o estrogênio diminui, há menor disponibilidade sexual e pode haver maior irritabilidade entre o casal.
As ereções penianas do marido serão menos intensas e o casal deverá buscar novas maneiras de se relacionar sexualmente, com redescoberta da intimidade, de novas formas de orgasmos. Os homens podem ser os mais gentis amantes nesta fase. Cuidados com a saúde, além de novas sensualidades também podem ser conseguidos através de potentes e remédios da medicina moderna.
As vivência aghape e filos poderão ser mais efetivas, com companheirismo excepcional.
A crise previsível da fase 5 pode ser dificuldade de envelhecer, busca de parcerias mais jovens, divórcios emocionais, infidelidades, e friezas no convívio conjugal.
A fase 6 do ciclo de vida do casamento, também chamada a fase de melhor idade pode trazer mais tempo para o lazer do casal.
A mulher pode estar mais sensual e auto confiante. Os homens mais gentis e amorosos. O companheirismo do amor filos poderá estar em alta. “Não há um ancião que esqueça onde escondeu seu tesouro.” (G. G. Marques, 1982).
A crise previsível dessa fase 6 pode conter enfermidades debilitantes, disfunções sexuais, frustrações profissionais, aposentadorias injustas, afastamento da família e da vida social com perdas de estatus.
Ana Maria Fonseca Zampierianamfzampieri@uol.com.br
São Paulo – São Paulo – Brasil
Mestre e doutora em Psicologia Clinica. Pós-graduada em terapia de casais e famílias. Terapeuta sexual. Psicodramatista. Formação em E M D R. Escritora de livros sobre casamento e sexualidade na vida conjugal. Diretora de Ensino e Pesquisas da F&Z Assessoria e Desenvolvimento em Educação e Saúde S/C Ltda.
Ana Maria Fonseca Zampieri
anamfzampieri@uol.com.br
São Paulo – São Paulo – Brasil
Mestre e doutora em Psicologia Clinica. Pós-graduada em terapia de casais e famílias. Terapeuta sexual. Psicodramatista. Formação em E M D R. Escritora de livros sobre casamento e sexualidade na vida conjugal. Diretora de Ensino e Pesquisas da F&Z Assessoria e Desenvolvimento em Educação e Saúde S/C Ltda.
Um comentário:
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