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sábado, 13 de abril de 2019

Perdão e seu poder libertador.


PERDÃO, E O SEU PODER LIBERTADOR.

“Tenho orado muito e pedido a Deus direção, sabedoria e discernimento para todas as coisas, mas ainda não sinto que devo perdoá-lo. Quando penso em restabelecer a vida conjugal, me vem cenas dele com a outra e sinto nojo dele. Estou totalmente perdida !!!”,  desabafa a paciente com sua conselheira.

A ferida na alma dessa mulher é tão grande que ela acha que não deve perdoar o marido, e mais, sente nojo dele e se declara perdida. O perdão é uma questão de escolha, de razão e não de emoção. Sentimentos e emoções, são coisas do coração, então, com um coração ferido vai ser fácil  perdoar? Não vai mesmo.
Perdoar a pessoa que tentou destruir uma  família é algo que chegamos a pensar que não é coisa para humanos, mas para seres divinos. E o cristão é esta pessoa, participante da natureza divina, que tem uma centelha de Deus no seu ser. Creia nisso,  perdão exige renúncia de direitos. Normalmente, em casos assim, nos sentimos no direito de ter raiva, de destruir o outro.

Quero contar algo muito pessoal. Havia alguém que me desafiava todas as vezes que me encontrava. Para um homem ser provocado através de gestos e ameaças verbais é um desafio a sua masculinidade. Fui alimentando um ódio contra a tal pessoa a ponto de armar uma estratégia para tirar-lhe a vida. Então convidei um amigo para que se juntasse a mim, uma vez que também nutria por aquela pessoa o mesmo ódio, ao menos era o que eu imaginava. Mas o que este amigo me disse me desarmou: “Ismael, você está tomando veneno e esperando que seja o outro que morra. Você está querendo queimar a sua casa para matar um rato? Para jogar a água suja da bacia está jogando o bebê junto? É isso que quer fazer?”. Desisti da ideia, mas do ódio não. Passado algum tempo tive uma depressão que foi a causa da minha conversão a Jesus Cristo. A primeira coisa que o meu pastor perguntou foi isto: “ Você está alimentando ódio contra alguém?”. Ao que lhe respondi afirmativamente. Ele disse: “Você vai orar por essa pessoa”. Eu disse: “Não, é certo que não. Não quero e não estou disposto a fazer”. Aí, ele me contou a história do credor incompassivo ( Mt 18) e me mostrou ali que quando não perdoamos alguém, vamos junto com ele para as mãos dos verdugos, ou atormentadores espirituais. Então, querendo a libertação da depressão comecei a orar por ele, mas com um amargo na boca, sem nenhuma vontade e dizia para Deus: ”Vamos lá, para mais uma seção de hipocrisia” e fazia uma oração pedindo que o Senhor o abençoasse. Mas os dias se passaram e fui percebendo alguma mudança em mim, já não tinha mais aquela descarga de adrenalina quando via o meu inimigo, o frio na barriga havia desaparecido. E nesse meio de tempo, Deus foi criando oportunidades e situações de maneira tal que em poucos meses eu estava conseguindo olhar para ele e ele para mim, ao mesmo tempo em que a depressão estava indo embora. Entendi que primeiro obedecemos, depois compreendemos. Hoje eu não ando de mãos dadas com ele, não dou tapinhas em suas costas, mas conseguimos conviver em paz e até já fizemos negócios comerciais. 

No caso do adultério, não tem jeito de trazer de volta a alegria de uma casa, sem antes acontecer a liberação do perdão por parte do ofendido. Com isso mostramos que somos filho Dele e assim Ele nos dá a recompensa. E olha, o perdão deve ser facilitado. Muitas vezes, a vítima do adultério dificulta o perdão ao ofensor. Já vi casos onde a esposa resolveu dar uma lição no marido e fez greve de sexo e permaneceu assim por um tempo maior que o razoável, sabe o que aconteceu? O marido foi embora de vez. Somos estimulados por Jesus a sermos pacificadores, promotores do bem e da paz. E isso é uma condição para a felicidade, “Bem aventurados são os pacificadores, pois eles herdarão a terra” ( Mt 5).
Os danos provocados pela decisão de divórcio são altamente destrutivos e vão gerar consequências ao longo do tempo. As crianças são as maiores vítimas e doenças emocionais e transtornos de comportamento podem ser esperados, por mais tranquila que possa parecer a escolha.
Arrepender-se, abandonar o erro, pedir perdão e ser perdoado e assim reconstruir a vida é a melhor opção.
"No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, ...” Isaías 30:15
A primeira coisa que os envolvidos devem fazer é pedir perdão pelos pecados cometidos, incluindo aí, os cometidos contra o cônjuge, contra a família e contra Deus.
O arrependimento deve ser genuíno e não somente porque deu errado. Deve-se buscar isso, procurando transformar a tristeza em arrependimento conforme Paulo ensina aos coríntios:
“2Co 7:10- Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento, para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.”
Ficar triste com o fato ocorrido por si só não move o mundo espiritual. A tristeza transformada em arrependimento diante de Deus, essa é que gera algo novo no mundo espiritual, a vida.

Que o perdão seja completo.

O perdão é o melhor remédio para conflitos, é a ferramenta de Deus para por fim a eles. Perdão é questão de inteligência, pois o não perdão acarreta doenças psicossomáticas e autoimunes, tanto é assim que muitos casos de canceres são desencadeados após problemas de relacionamento como perdas, rupturas, mágoas e ressentimentos prolongados. Entendeu porque é questão de sabedoria. Mas não podemos pensar o perdão sob essa perspectiva apenas, seria muito egoístico demais. Creio que devemos perdoar para sermos perdoados, para não adoecermos, mas essencialmente por amor. Quem ama pessoas imaturas sabe de antemão que pode ser ferido, logo, deve antecipadamente estar preparado para perdoar quando necessário. O problema que é que somos imaturos em alguma área da vida, e a possibilidade de errar a qualquer momento está sempre presente.
Muito bem, uma vez decido perdoar como deve ser esse perdão? Daquele tipo que diz: “Eu te perdoo, mas fica longe de mim!”. Ora, se a decisão é pelo perdão, então que seja o perdão completo, total, nada de meio perdão, pois meio perdão é não perdão.
Que o teu coração seja sempre sábio para discernir o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto e que em meio a isso, reserve um espaço a para a graça e a compaixão para com os mais fracos, aqueles que ainda não amadureceram onde você já amadureceu.






O QUE VAI TRAZER A CONFIANÇA DE VOLTA?
Confiança é um sentimento de que o outro vai se comportar de forma esperada e desejada, isso, baseado em um relacionamento anterior onde houve uma prova de merecimento. Ela leva tempo para ser adquirida, mas deixa de existir em poucos minutos.
Quando há a quebra da confiança, é possível voltar a ter a segurança e confiar de novo, não é tão fácil, mas perfeitamente possível.
A pessoa traída tem que melhorar a sua autoestima para não se sentir inferior e agravar suas crises de ciúmes. Depois, à medida que o tempo vai passando, experiências boas vão sendo vividas, a insegurança vai indo embora desde que não haja fatos novos para atrapalhar. O parceiro ofensor deve contribuir tendo uma vida transparente e com disposição para dar explicações. Provas de merecimento serão necessárias. Haverá situações em que eles têm de negociar, por causa da incapacidade de prever o comportamento do outro. Com o tempo e correção de atitudes, transparência e paciência, a confiança estará voltando. É um período de reconstrução e não se pode exigir a confiança do outro sem antes dar mostras seguras, aprovadas pelo tempo, de que houve mudanças.


AS RECAÍDAS EMOCIONAIS.
Um marido a quem ajudávamos num momento de desespero após ter notícias do adultério da esposa nos confidenciou:
“Pastor, eu já perdoei ela, estamos procurando ajustar bem nossas vidas, já decidimos que o melhor é botar uma pedra sobre o acontecido, porém, às vezes, especialmente quando minha alma anda vagueando, de repente me vem um pensamento terrível. Um ódio me invade o peito e tenho vontade de ir de encontro a pessoa que se envolveu com minha esposa e atacá-lo com um pedaço de pau. Na verdade, naquele instante, penso mesmo em matá-lo a pauladas.”
Isso é uma recaída, e é muito normal que aconteça. Por algum tempo esses pensamentos e sentimentos podem surgir do nada. É preciso ter calma, não deixar a mente vaguear. O segredo é não ruminar, não trazer de volta palavras, imagens, fatos. Ressentir é sentir de novo um mal. Mude o foco, desvie o pensamento, não alimente os desejos da mente que é de ficar remoendo o acontecido. Um período de oração pode trazer libertação necessária.
Prestou atenção nessa carta acima. Minha mãe dizia que o Diabo ajuda a fazer, mas não ajuda a esconder.

Não abra novas feridas.
“A palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” Pv15.1
É preciso tomar cuidado nesse momento porque as palavras também tem um poder destrutivo muito grande, tão ofensivo quanto o adultério em si. Especialmente aquele que errou, deve redobrar a sua paciência e tolerância com eventuais desequilíbrios da pessoa ferida.
É preciso tomar algum cuidado para que o fato adultério não se transforme em uma obsessão, quando só se fala nisso, briga a todo instante e a coisa parece que não vai mais ter fim. Muitas vezes o casal está caminhando bem, tentando reaver o que perderam e de repente se levanta, no momento impróprio, as velhas acusações e a alegria vai se embora. Isso não é bom. O casal deve limitar o tempo que fala sobre o assunto, caso contrário, esse tema se “assenhora” da vida do casal impedindo que a confiança comece a renascer.
Quando estiverem dialogando, procure fazer de modo civilizado e amistoso, caso contrário, o outro pode chegar a conclusão de que realmente não vale a pena continuarem juntos. Os ânimos vão estar alterados, mas não se pode perder o controle. Procure tratar um problema por vez. Fazer uma pilha de acusações e lançar sobre o outro só vai aumentar a tensão e não haverá tratamento adequado.
A Bíblia nos conta a história de um casal em um conflito, e a mulher diz::
“Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim.” Ct 7:10
Ela o tinha tratado com descaso, mas se arrependeu e o buscou para uma reconciliação. Ela fez isso de maneira apaixonada. Ela é uma mulher que provoca saudades nele e não afastamento. Tem pessoas que se desequilibram, perdem a moderação e empurram o outro para mais longe ainda. E às vezes o empurrão é tão forte que o outro cai no colo de alguém.











COMO APAGAR DA MENTE IMAGENS,
CENAS E LEMBRANÇAS RUINS?
Bem, na verdade, esquecer não é possível, mas vai chegar um tempo em que a dor já não será tão aguda. A mente humana vai perdendo o registro , a nitidez, à medida que o tempo vai passando. Mas de imediato, o caminho é substituir pensamentos ruins por aquilo que nos dá esperança, não deixando a mente se fixar naquilo que faz mal. A Palavra de Deus é algo bom para a cura dos sentimentos. Faça lista de promessas de vitórias, de texto que encorajam, recite, declare textos que edificam a fé, e assim, se podem apagar as setas inflamadas que ferem a alma. Tenha nas mãos canções que tragam mensagens positivas, para assim não deixar a mente vazia, mas sempre ocupada com coisas saudáveis.
Diante de quadros assim, você tem que fazer uma escolha em seu coração, escolher viver, refazendo a vida esquecendo-se das coisas que para trás ficam, veja o que Deus aconselha :
“Esqueçam o que se foi: não vivam do passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto ou abrir um caminho e riachos no ermo.” Is 43:18-19 ".
Duas coisas Ele manda fazer, esquecer o passado e se preparar para o novo que Ele vai fazer acontecer. Esquecer não é tão simples assim, mas é possível treinar a mente para não aceitar que ela fique trazendo (ruminando) fatos, imagens, palavras, e atitudes que aconteceram e marcaram a vida, ou seja, não autorize, não permita ficar pensando, pensando, pensando e sofrendo.
E fazendo assim, ao mesmo tempo, prepare a sua mente para o novo que Deus irá fazer. É preciso crer que Deus não irá destruir você, mas sim, irá redirecionar sua vida colocando um fato novo no seu coração de forma que possa superar o passado. Tenho estado com pessoas que passaram por
esse mesmo problema, e posso afirmar que a vida delas foi redirecionada. Os três últimos casais com quem tive contato, todos eles se apegaram com Deus com toda força e passaram e estudar sobre relacionamento conjugal e por fim quando se deram conta estavam liderando grupo de casais, ministrando, testemunhando ou organizando eventos em sua igreja. Não que isso tenha que ser exatamente assim, mas é certo que o novo de Deus sempre vem, de forma inesperada, grandiosa, sobrenatural. Esse novo são os rios no deserto que ele diz que abrirá.
O grande erro é afastar da igreja, pois ali é onde a fé é alimentada, onde a esperança se renova. Veja, uma brasa não pode ficar fora do braseiro.
Continuar sofrendo apenas não vai resolver e de fato a vida corre perigo, a saúde emocional, os relacionamentos, tudo vai perdendo o brilho. Chega um momento que é o tempo de se levantar do choro, fortalecer-se em Deus, e buscar de volta a alegria conjugal que se perdeu ( leia sobre isso em ISm 30).
Já passei por maus bocados em minha vida também, e um dia, quando tudo estava escuro, alguém me disse: Ismael, o Diabo é covarde e ele irá te empurrar para que você caia, e irá fazê-lo pelas suas costas, e então, quando ele te empurrar, você tem que estar posicionado de uma forma que você irá para mais perto dos pés de Jesus, ainda que caia, mas caia aos pés do Senhor. E funcionou comigo, quando a crise chega, eu me apego com Deus, me silencio, aquieto, e fico em oração, converso com Ele e procuro palavras na Bíblia nas quais eu devo me firmar. Uma delas que sempre uso é esta: " Por que a mim se apegou em amor, eu o livrarei, pô-lo-ei a salvo, e o glorificarei porque conhece o meu nome." Sl 91.
Tome a decisão de viver e de refazer sua história com a ajuda e na força de Deus.
Tentar controlar o outro através de ciúmes não funciona por muito tempo.
“Há dois meses meu esposo foi participar de um treinamento de 5 dias em um hotel com a empresa, e lá conheceu uma moça e acabaram trocando telefone. Depois de alguns dias marcaram para sair e meu esposo me traiu com ela. No mesmo dia, Deus teve misericórdia de mim e me mostrou a traição. Quando ele chegou em casa foi mandar uma mensagem pra ela e "sem querer" enviou a mensagem para o meu celular. E Eu descobri tudo. Ele jura que não passou de beijos, que se encontraram em um restaurante e aconteceu isso. Eu, em desespero, fui para casa dos meus pais, chorava muito, descontrolada, sem acreditar no que tinha acontecido. Imaginar que eu marido, depois de 10 anos juntos, havia beijado outra mulher. Ele também entrou em desespero no trabalho, ligou para os pais dele que também se desesperaram. Desestruturou toda nossa família. E depois de dois dias ele foi na casa dos meus pais me pedir perdão, chorando, se mostrando arrependido, dizendo que não sabia como fez aquilo. Resultado: eu o perdoei! Voltei pra casa, nós estamos juntos pela misericórdia do Senhor. Ocorre que já se passaram um mês e meio e eu ainda choro muito, sinto dor quando lembro do que aconteceu, às vezes não me conformo, pergunto “porquê” se o nosso amor sempre foi tão bonito, como ele se deixou envolver?
Bom, mas o que fazer diante de um quadro assim. Vai tornar-se um fiscal do outro, vai policiar a vida dele, vai prendê-lo numa gaiola? Isso, num primeiro momento de desespero pode até funcionar em parte, mas ninguém aguenta viver assim por longo período. A confiança tem que logo ser restabelecida, e a medida que vão caminhando juntos a cura vai acontecendo paulatinamente. Trabalhando com uma mente investigativa e desconfiada só vai dar continuidade a um processo de distanciamento.

Por Ismael R Carvalho

Como você pode fazer isso comigo?


COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO COMIGO?

Pessoas vitimadas por divorcio e traições no casamento costumam se perguntar “Como pôde fazer isso comigo?” É uma dor indescritível realmente, pois a ferida é provocada por aquele a quem mais se ama é realmente é terrível. Na prática é dizer que a pedrada vem de onde não se esperava. A sensação de perda,  rejeição e desprezo, se misturam e formam um caldo emocional avassalador.
Mas a vida continua, tem continuar, com adultério ou não , com choro ou sem choro, viver é preciso e em casos assim os envolvidos terão que escolher se querem passar a vida chorando ou vão reagir positivamente e lutar para sair do buraco existencial onde foram colocados pelas circunstâncias.
Tenho aprendido com Deus, que há tempo para todas as coisas debaixo do sol.
Há o tempo de chorar, mas há também a hora de sair do choro. Vemos isso na vida de heróis da fé como Davi e Efraim que choraram suas tragédias e dramas familiares, mas que, num dado momento,  levantaram-se do choro e foram em busca de soluções para o seu problema. Davi passou por isso quando sua família toda foi levada pelo inimigo, ele sentou e chorou até não ter mais forças para chorar, mas depois, se levantou, fortaleceu em Deus e orientado por Ele, foi em busca de sua família e trouxe tudo de volta, nada ficou na terra do inimigo.( I Sm30.16,ss). Temos ainda a  história de Efraim que teve dois de seus filhos mortos quando foram roubar gado (ICr 7:20-27 ), foi uma tragédia. Ele chorou muito, mas vieram seus irmãos e o consolaram e mais tarde, de sua descendência nasceu Josué, um grande homem, e de Josué vem a geração de Jesus, e assim a vida vai se refazendo.
Não é o caso de se negar o sofrimento, mas também não se deve alimentar a auto piedade ou vitimização, que, diga-se de passagem, é um pecado. Isso não ajuda e pelo contrário adoece ainda mais a alma. Está alguém sofrendo?, Pode chorar a sua dor por um tempo, entretanto, a vida não acabou, então, levante-se e comece a reconstrução. Escolha o caminho que vai trilhar, vai perdoar? Então perdoe mesmo. Vai se separar?, Pense bem, não será melhor investir do que desistir? Ou será que numa nova relação não vai haver crises também. E se acontecer de novo, separa mais uma vez? Todos os indicadores, inclusive mostram que é melhor investir numa relação que um dia foi muito boa, mas que se quebrou, do que desistir e começar uma nova. Uma nova relação também necessitará de investimento.
Penso que não vale a pena insistir quando a relação nunca foi boa, então, investir em algo que já não existia. Mas quando o relacionamento algo bonito, então é hora de buscar de volta o que se perdeu no tempo.
E a gente deve lembrar de que nos casamos com seres humanos e não com seres angelicais e suas perfeições. E desse modo, por mais que amemos, é preciso saber que a qualquer momento poderemos ter que perdoar uma falha desse querido, em virtude de sua humanidade. Ora perdoamos e ora somos nós os perdoados.
Outro dia li uma recomendação, mais ou menos assim, “Espere tudo de Deus, pouco de si mesmo e nada de outras pessoas”, pois isso evita sofrimento desnecessário. Quanto a Deus sabemos que não vai falhar conosco nunca, então posso esperar confiadamente. Esperar pouco da gente, é sabedoria, pois evita que fiquemos decepcionados com nossa performance, é não se deprimir com os próprios erros, não se cobrar demais, não exigir de si mesmo o impossível. E das pessoas é bom não esperar nada, pois se vier algo bom, já é lucro. E se não vier nada, já estávamos ciente dessa possibilidade.
Em suma, você é uma pessoa imperfeita que se casou com outro imperfeito, e que a qualquer momento precisa perdoar e, quem sabe, ser perdoado também.
Como foi acontecer isso? Onde? Como? Quando? Com quem foi?
O coração fica cheio de perguntas, desesperos, lágrimas, frustração. Perguntas e mais perguntas, algumas colocações até explicam, mas geralmente não justificam.
Não é bom que se fale sobre os detalhes do adultério, especialmente no tocante a intimidade sexual, pois eterniza o sofrimento. Existem coisas que são importantes virem à tona e outras não. Geralmente se pergunta quem é a outra pessoa, quer fazer comparações, quer minúcias do ocorrido, e sensações. Isso não é importante. O que mais interessa é o caminho que levou a tal situação, o que estava acontecendo com a relação, onde estavam emocionalmente quando tudo aconteceu, como estavam vivenciando o amor, para então compreender e corrigir atitudes. É o estancar de uma sangria.
Outro dia uma esposa perguntou ao marido adúltero se ele tinha gostado da outra como amante e ele respondeu que sim, e isso piorou muito o tratamento. Também é muito comum arrumar outros culpados para o ocorrido, e é preciso tomar cuidado ao envolver pessoas. Não transformar em culpados pessoas inocentes. Talvez fosse melhor procurar saber o mínimo necessário para fazer um juízo de valor, e não buscar riquezas de detalhes, pois vai envenenar ainda mais a alma.
Nessas horas, é fácil ficar com raiva de pessoas que não tiveram participação ativa no ocorrido. Muitas vezes, um casal reata as suas relações, mas deixa para trás um rol de amigos que foram transformados em inimigos de uma maneira injusta. Na família então, a coisa fica ainda mais difícil, inimizades, acusações, afastam as pessoas mais queridas do casal, uma tragédia.
Salomão disse que comprar briga de outros é como pegar um cachorro grande pela orelha. Sabe o que ele está falando? Que se pegar um cachorro grande pela orelha não terá como soltar depois. Isso nos ensina que se intrometer, dar pitaco na vida de quem está numa crise assim, sem ser para isso chamado, não é bom negócio, pois vai comprar uma briga da qual não consegue mais sair depois.

Por Ismael R Carvalho

Deus porque o Senhor não protegeu meu casamento?


DEUS, POR QUE O SENHOR
NÃO PROTEGEU MEU CASAMENTO?
A primeira coisa a ser entendida nesse contexto de desencontros é que Deus não é inimigo e muito menos é o culpado pelo acontecido. A pior coisa que se pode fazer numa crise dessas é se revoltar contra Deus. Como dizia um amigo:
“-Se eu perder Jesus, perco tudo que tenho, pois Ele é tudo para mim”.
Depois é preciso entender que Deus não prometeu uma vida só de regalias, conforto e paz. Ele falou sobre inimigos, dores, sofrimentos, ventos e tempestades. A vida não se desenrola num “spa”, mas sim, num campo de batalha. Falou também que estaria conosco, independente do momento.
E como dizia o poeta Gonçalves Dias,
“ A vida é combate que as fracos abate, aos fortes e bravos só pode exaltar”.( Poesia – Navio Negreiro)
Deus revela segredos àqueles que lhe são íntimos, e esses segredos são como estradas pavimentadas para o sucesso na vida, especialmente em família. Em toda a Bíblia temos esses caminhos e exemplos para a vida conjugal, bons e maus. O que dizer, por exemplo, da doçura e romantismo de um Salomão no seu relacionamento com Sulamita, ou da forma carinhosa como lhe dirigia a palavra, ou da disposição dela para o sexo com seu amado. Por outro lado o que pensar da rudeza de um Nabal na sua relação com sua mulher Abgail. Assim é a Bíblia, nos mostra o certo e o errado, os heróis e os anti-heróis também, homens e mulheres com seus feitos maravilhosos, mas também  seus erros horrendos.
Quando falamos em relacionamento, as histórias bíblicas e as doutrinas bíblicas são importantes em nível de prevenção e também de restauração quando for o caso. O que me preocupa é que os casais de alguma forma saibam dos perigos que os rodeia, entretanto, pouco investimento fazem antes da ruína chegar. Mas este livro, tem como propósito a cura do relacionamento depois que a tragédia já aconteceu, então focaremos nessa direção.
Estou dizendo isso, para que se entenda que Deus não é culpado de nossos fracassos relacionais, Ele deixou o ensino, nós é que os negligenciamos. Ler Cantares traz um aprendizado fabuloso, e, no entanto, quantos casais cristãos passam a vida sem o ler, não é mesmo?
Pois bem, nesse livro, Cantares, e em outros, Deus oferece princípios e valores, o Senhor dá dicas, por assim dizer, mas Ele não vai fazer o papel de marido ou de esposa. Cada casal deve cuidar de si mesmo sempre com mutualidade, companheirismo, compromisso e ternura.
Cuidar bem do relacionamento é agir preventivamente, é um investimento. Quando se tem um casal, onde a esposa se sente amada pelo seu homem, e este, respeitado e admirado pela sua esposa, então, o amor estará protegido. Além do respeito, um homem precisa estar satisfeito sexualmente, tendo sempre ao seu lado uma companheira agradável para com ela compartilhar sonhos, aspirações, lutas, sucessos e fracassos. Tudo isso é saúde para o relacionamento, faz bem.
Estou falando do homem, mas não somente este deve estar sexualmente satisfeito, sua companheira também para que assim não entrem num estado de vulnerabilidade.
Isso não quer dizer há garantias que nunca vá ocorrer o pior, mas anula os argumentos, as justificativas para o erro, diminui a chance de se falhar e cair no pecado.
O que não se pode fazer é transferir para Deus a responsabilidade pelo bom ou mau andamento de um casamento, isentando o humano de culpa. Lembre-se, Deus abençoa, mas não vai fazer o papel que compete aos seres humanos, nem de marido, nem de esposa. É bem verdade que “Se o Senhor edificar a casa em vão trabalha os edificadores” (Sl 127:1), aqui fica claro que é Deus quem edifica uma casa, porém, em nenhum momento mandou o Senhor que os edificadores parassem com seu trabalho por ser desnecessário. Essa é a parte humana da relação. E é sobre os humanos edificadores que Deus dará graça para uma jornada feliz.
Deus pode estar abençoando um casamento ao mesmo tempo em que o casal trabalha para sua destruição através de condutas não recomendadas. O casal pode estar jogando contra si mesmo, tornando-se o seu próprio inimigo, o pior deles.
O que o Senhor promete é estar conosco em todos os momentos, nos montes ou nos vales. Em alguns casos teremos libertações prévias, cuidados especiais e em outros não.
Deus, por vezes, nos leva nas “asas da águia” e esse é o tempo do voo panorâmico, tempo bom. Já outras vezes, provoca turbulência, abana suas asas sobre a qual nos conduz e nos obriga a “voos forçados” para que o aprendizado aconteça. É a forma Senhor trabalhar, mas o que importa é que nunca nos deixará espatifar no chão, sempre nos arrebatará sobre suas asas e nos levará de volta para o alto, assim como faz a mamãe águia.
Outra coisa que Deus assegura é que todas as coisas irão contribuir para o bem daqueles que amam a Deus e a sua justiça e que são chamados segundo o seu propósito. Significa dizer que mesmo do mal, Deus pode extrair o bem. O mal, ainda que indesejável, pode se transformar num “start” para uma mudança de rumo.
Outro dia ouvi um comandante de aeronave dizer que um para um Boeing cair é necessário que vários erros aconteçam ao mesmo tempo. Não quero encontrar culpados para o adultério, mas geralmente, uma sequência de falhas deve ter ocorrido, assim como no caso do Boeing.
E, às vezes, erros também são cometidos pela parte ofendida, aquela que sofreu o adultério.
Digamos que uma esposa caia na tentação do adultério, a tendência é crermos que ela é a culpada, foi um pecado horrível. Entretanto, há de se considerar que ela pode estar vivendo dentro de um quadro de negligência, abandono emocional, abandono social, falta de sexo, ausência de carinho, afeto e ternura por parte de seu marido. De maneira que as portas estavam abertas para o intruso entrar na história do casal. E sabemos que nisso o inimigo de nossas almas é astuto, ele prepara a oportunidade, cria situações e momentos.
Culturalmente, os maridos estão mais propensos a cair em adultério, de um lado há uma pornografia obrigatória que os encontra todos os dias, na propaganda da TV, no jornal escrito, no noticiário esportivo, na banca de jornal, no “outdoor” da praça, enfim, ele não precisa procurar por ela, é a pornografia quem o encontra. De outro lado, ao seu redor está cheio de mulheres com problemas de caráter se oferecendo, mostrando-se disponível, e em meio a tudo isso, ele, que acha que tem fortes razões para ter experiências extraconjugais.
Vamos acompanhar o caso abaixo, é como uma tragédia anunciada, algo que vai dar errado dali a pouco, pois as ações que mantém alguém fiel já não existem e o casamento está sustentado tão somente no bom caráter do cônjuge, leia isso:
Leia este depoimento de um marido:
“...desde o início de nosso casamento, até hoje, a minha esposa não se sente atraída por mim sexualmente. Às vezes toco nela, mas parece que tenho espinhos em minhas mãos. Ela sente-se incomodada com meus toques, parece que estou sufocando-a. Uma vez, com um ano e pouco de casados, ela me disse que não tem vontade em ter relação sexual comigo. Quando ouvi aquilo, parecia que entrou uma faca em meu peito. Eu sou uma pessoa carinhosa, procuro elogiá-la, beijá-la, dar lhe presentes, fazer suas vontades, trazer recursos financeiros para suprir nossas necessidades, protegê-la e amá-la. Sei que a mulher precisa de carinho, sentir-se segura e amada. Procuro fazer isto, mas recebo frieza da parte dela. Ela diz que me ama, mas não sabe o que acontece. Quando ela deita, vem um sono incontrolável nela. Eu a toco e ela nem se mexe. Não recebo carinho, nem beijo, nada, vivemos como se fossemos dois irmãos. Às vezes me sinto como se eu fosse uma pessoa estranha, tentando me relacionar com ela, como se ela fosse forçada a ficar comigo, é horrível...”
O que esperar desse relacionamento. Até quando este marido vai se segurar. Vou responder: Até o dia que a oportunidade de um adultério bater em sua porta.
“A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce.” Pv.27.7
O sábio Salomão está dizendo que quando alguém está suprido em suas necessidades alimentares despreza o precioso mel, entretanto, aquele que está com fome até o que não é tão apetitoso, se transforma em objeto de desejo. E assim acontece também com as necessidades sexuais e emocionais do casal. 
Afeto é uma necessidade, particularmente, gosto da palavra ternura, pois significa magia, e é exatamente isso que ela faz. Ternura e sexo  ( afinal ninguém é de ferro) e o  amor estará protegido e as possibilidades de um adultério diminuídas.
De tudo, se depreende que Deus protege o casamento através da sua multiforme graça, entretanto, o marido ou a esposa, tem que fazer a sua parte, conviver segundo princípios e valores que dão sustentação, que os mantenham próximos um do outro, cuidando-se mutuamente, respeitando suas individualidades, mas acima de tudo, se amando.
Dizem que os homens traem por sexo pelo sexo, falta de caráter, excesso de oportunidades, falta de Deus, e sexo ruim dentro de casa. A mulher por curiosidade, aventura, excesso de oportunidade, falha de caráter, falta de Deus e em virtude de abandono emocional. E quando numa vida se achar duas ou mais desses requisitos, o adultério é quase certo.

A traição é uma das experiências mais traumáticas que uma pessoa pode vivenciar. É tão grave que mesmo Deus não suporta o adultério. Ele exige para si corações exclusivos.


Porque os casais estão se divorciando mais.

No ano de 2016 o IBGE apontou o aumento do número de divórcios no Brasil em relação ao ano de 2015, algo em torno de 4,7%, e ao casamento  um decréscimo de 3,7%, vindo a confirmar uma tendência, pois  décadas anteriores, desde 1970,  os dados registrados foram nesse mesmo sentido, queda dos casamentos e aumento dos divórcios. E qual seriam os motivos que estariam levando as taxas de casamentos e divórcios a esses patamares?
Este fenômeno, queda dos casamentos e aumento do divórcio, mostra-se como uma tendência mundial. Em particular, no Brasil, tivemos mudanças na lei que geraram facilidades, redução da burocracias e do  tempo, a um custo também menor,  tendo como consequência um aumento considerável no número de divórcios. Hoje, um casal sem filhos menores ou incapazes, pode ir direto ao cartório e em trinta dias eles estarão divorciados, a um custo relativamente baixo, dependo de cada caso. Outrora um divórcio custaria, no mínimo, 10 a 12% do valor do patrimônio do casal em sendo consensual, podendo dobrar esse valor,  em caso de litígio,  e  poderia demandar em torno de  quatro anos para  chegar a sentença, nesses casos. Isso certamente contribuiu para o aumento do número de divórcios. Outra coisa, já não se faz  necessário ter um motivo para a ação de divórcio, basta o casal não querer mais continuar com a relação. Nem tampouco dependem de anos de convivência como era antes da mudança da lei do divórcio, em 2007, hoje pode se divorciar a qualquer tempo.
Estudos e pesquisas feitas em diversos países nos dão conta de que quando acontece uma crise financeira com consequências no aumento da taxa de desemprego, é observado um consequente aumento da taxa de divórcios. A economia do país estando em baixa, com reflexos nas finanças pessoais que se desiquilibram, são fatores que podem determinar o fim de um relacionamento, porém, não é este o único motivo, e talvez nem seja o principal.
Uma publicação na Revista SPAGESP vol.12 no.2 Ribeirão Preto dez. 2011, traz um estudo  sobre “Conflitos conjugais, motivos e frequência”, de autoria de Clarisse Mosmann, e Denise Falcke, da Universidade dos Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, e resume o tema conforme segue:
“A satisfação e a estabilidade das uniões conjugais não estão associadas diretamente à ausência de conflitos, mas à forma com que os cônjuges estabelecem estratégias para solucioná-los. Tendo em vista a dimensão de conflito como inerente à conjugalidade, este estudo buscou identificar os motivos de conflitos conjugais e a frequência com que ocorrem nas relações conjugais, sob a perspectiva da teoria sistêmica. Foi realizado um estudo quantitativo, com delineamento descritivo, com 149 casais de nível socioeconômico médio, residentes na capital e no interior do Rio Grande do Sul. Como instrumentos, foram utilizados um questionário de dados sociodemográficos e a Escala de Conflito Conjugal. Os resultados apontaram que o motivo mais frequente de desentendimento entre o casal é a relação com os filhos, seguido pelo tempo que desfrutam juntos, o dinheiro, as tarefas domésticas e, por fim, o sexo e as questões legais. Relação com os filhos ( como se educa, filhos de outros relacionamentos).
Através de uma amostragem com os 149 casais chegou-se ao seguinte resultado quanto aos motivos do divórcio, por ordem de importância:

Tempo que desfrutam juntos ( intimidade conjugal)
Finanças – (renda, endividamento. desemprego)
Tarefas domésticas ( obrigações compartilhadas)
Sexo
Questões legais

É interessante observarmos como esses fatores estão intimamente correlacionados, filhos menores, dependentes dos pais, exigem tempo e dinheiro, consumindo uma fatia importante da renda familiar. Casais estão preferindo planejar melhor o nascimento de filhos exatamente para evitar esse sofrimento, porém não todos o fazem.  Essas dificuldades refletem na taxa de natalidade, que no Brasil está em queda livre, ao passo que a população cresce em torno de 0,8 a 0,9 % ao ano.
A necessidade de a mulher trabalhar para compor a renda ,  faz com que a intimidade do casal não seja preservada, ficando em segundo plano o desfrutar de um bom sexo, o que traria saúde para a relação.
Há evidencias de que mulheres com uma renda mais qualificada, se divorciam com mais facilidade, pois dão um valor maior a independência e a realização profissional. Em busca de sobrevivência ou mesmo de empoderamento, ela torna-se uma máquina, administra a casa, cuida e encaminha os filhos, trabalha fora, volta pra casa onde  continua a trabalhar e  quando vê a noite já se vai. Depois é chegada a hora de repousar e de cumprir com a quase obrigação de ter sexo com o parceiro, sob risco de o perder. Não tem como ser diferente, o nível de satisfação conjugal sofre um prejuízo e o casamento deixa de ser o que se sonhou.
A vida nas metrópoles e centros urbanos concorre com o casamento, roubando o tempo e recursos do casal, onde ambos precisam não só trabalhar, mas também se qualificar para compor a renda num ambiente altamente competitivo. Casais voltam pra casa esgotados, depois de enfrentar trabalho, transito, cursos de qualificação, violência, filas, medos, estresses. Assim o dia amanhece, anoitece, e o novo dia vem, semanas e meses, uma rotina desumana que consome o seu  tempo e suas energias , e a eles só resta esperar o próximo feriado. Agora imagine isso tudo agindo ao mesmo tempo e o tempo todo na vida do casal, a relação entre num estado de vulnerabilidade e o resultado divórcio torna-se uma possibilidade muito grande. E se isso ainda não bastasse, ainda tem se as redes sociais como um novo e fascinante hábito, mais um ladrão da boa comunicação e porta escancarada para o conflito, excessiva oportunidade para a infidelidade. A mulher sobrecarregada com suas multitarefas, enquanto os homens, por sua vez, ainda não compreenderam que não têm que ajudar em casa de vez em quando, mas sim, se comprometerem em pé de igualdade, assumindo juntamente com elas as tarefas domésticas. Quando isso não ocorre torna-se um nascedouro de conflitos, como diz o pregador: “Onde tem um folgado, tem também um sufocado.”
Casais que praticam uma religião e são fortes na fé, tendem a permanecer casados, essa é observação feita em outros países onde estudos e pesquisas dão conta disso. Porém, no Brasil, com uma população bastante religiosa, tendo a religião católica com 50% da população e o crescente número de evangélicos com 30%, não tem sido suficiente para diminuir o número de separações e divórcios que mostram se em tendência de crescimento. “O divórcio é uma solução drástica para um casamento problemático ou que tenha passado por um forte trauma, como uma traição, por exemplo. No meio evangélico, ao longo de décadas, essa escolha sempre foi desencorajada pelos líderes, mas hoje, a proporção de casais cristãos que se separam é a mesma constatada em outros setores da sociedade.” Esta informação foi divulgada pelo Barna Group, instituto de pesquisa que se dedica a estudar o ambiente cristão e seu impacto na sociedade, assim como a influência da cultura secular entre os evangélicos, e toma ares de denúncia contra a igreja que não estaria cumprindo seu papel social.
Evitar o conflito conjugal nem sempre é possível, porém, saber resolver bem conflitos, certamente,  redundaria em um não divórcio mais tarde. Há três grandes períodos pelos quais as famílias passam ao longo do seu desenvolvimento:
 A primeira refere- se aos dez primeiros anos da relação, na qual o casal busca o ajustamento, adaptação e construção do sistema conjugal, ao mesmo tempo em que se distancia de sua família original. É nesse período que nascem os filhos, que muitas vezes abrandam os conflitos iniciais decorrentes da fase de ajustamento e garantem uma proximidade maior  da individualidade dos cônjuges na estrutura familiar.
A segunda fase, compreendida entre os dez e 20 anos da união conjugal, é a fase adolescente do casamento, marcada pelo crescimento e uma maior independência dos filhos, o que permite o movimento de recuperação da autonomia e individualidade dos cônjuges, podendo acarretar também um receio de desagregação das alianças familiares.
E por fim, a terceira fase, a fase da maturidade conjugal, período de reinvestimento na relação do casal, em consequência da saída dos filhos de casa, com quem os pais passam a se relacionar como adultos. Esta fase também é um perigo, pois eles se perderam enquanto casal, viviam em função dos filhos, servindo estes até como mediadores dos conflitos, porém, com a partida deles, o casal terá que se reencontrar dentro de casa. Terão que se readaptar um ao outro, alguns não conseguem, e a vida conjugal parece ter perdido o sentido.
Assim, temos que cada fase tem suas próprias benesses e seus próprios desafios, mas considerando a idade com que os casais estão se divorciando, 43 anos ele, e 40 anos ela, poderíamos afirmar que estão se separando na segunda fase do relacionamento, com filhos entrando numa fase de maior independência e liberando seus pais para se voltarem um para o outro, ou para se voltarem para a individualidade e até infidelidade caso estejam com a relação desgastada.
Considerando que os casamentos duram 15 anos no Brasil, o que coincide com a segunda fase e a idade dos cônjuges, se os casais conhecessem cada uma dessas fases seria um modo de se prevenir para as dificuldades que virão pela frente, daí o valor e a importância de uma boa preparação pré-nupcial, algo que não é tão usual.
 A igreja é um dos baluartes em defesa do casamento no que toca aos seus valores, porém, vejo a igreja evangélica brasileira, tratando dessa temática de maneira ineficaz e ineficiente, pois à medida que cresce o número de convertidos deveria refletir em queda no número de divórcios e isso não se verifica, pelo contrário, vem aumentando a nível global e também entre os evangélicos, quando estudos apontam para uma situação de igualdade, cristãos evangélicos se divorciam tanto quanto os não evangélicos.
Faltam pesquisas, estudos, e literatura direcionada à realidade brasileira, o que lemos, estudamos, geralmente são trabalhos de autores estrangeiros, especialmente os americanos, onde a realidade é outra. Somado a isso, as ações específicas da igreja no trato com os casais, na maioria dos casos, se resumem a um encontro de casais de 01 ou de 03 dias ao longo do ano, e algumas poucas reuniões de grupo com finalidades outras, como comunhão, lazer, mas raramente para estudos sistemáticos e profundos. Os líderes de casais em sua grande maioria são bem intencionados, gente da melhor estirpe, porém, com poucas ferramentas nas mãos, geralmente acabam atendendo aqueles que têm um melhor poder aquisitivo, ficando os mais pobres alijados dessas oportunidades de conhecimento e tratamento.
Nos EUA, depois de uma onda de divórcio em 1970, acadêmicos passaram a estudar o fenômeno em  criaram um Programa de Intervenção Conjugal , que envolvia os casais em processo de aprendizagem, reflexão , conscientização e treinamentos de habilidades na resolução de conflitos, e o resultado foi muito bom. Conhecido como “PREP” O programa foi desenvolvido para ensinar casais  habilidades de comunicação e resolução de conflitos, utilizando-se de técnicas comportamentais de terapia conjugal, associadas a ideias de treinamentos em comunicação. Atende os mais diversos grupos sociais, e no caso dos cristãos, tem-se um Programa específico com fulcro nas Escrituras Sagradas. Não foi a solução final do problema, porém, os resultados foram surpreendentes.  Talvez, programas  com uma proposta brasileira pudesse minorar essa situação desconfortável. No Brasil, os evangélicos, têm como fonte de informação, prevenção e tratamento ao divórcio, os ministério de casais, alguns bons cursos, mas nem sempre acessíveis a todos, e as ministrações dos líderes das igrejas, porém, de acordo com os dados do IBGE, não estamos conseguindo fazer frente a onda de divórcios. Uma coisa é conhecer o problema, outra coisa é mudar os comportamentos, saber não basta, é preciso aprender habilidades mais eficazes no trato dos conflitos. A Bíblia traz estratégias positivas, como a boa comunicação, o perdão, a transformação do pensamento, a aquisição de virtudes e valores morais, a mutualidade, o compromisso, a perseverança, a resiliência, porém, a sua aplicação nem sempre se torna um hábito. Alias, há dados que afirmam que casais onde a esposa é bondosa, mesmo sendo o marido alguém que resiste a transformações, o resultado acaba sendo positivo em virtude dessa bondade feminina, o que confirma texto bíblico nesse sentido, onde a esposa ganha o seu marido sem dizer-lhe palavras, apenas com seu comportamento.
É triste pensar que a igreja brasileira possa estar sendo vencida pela cultura contemporânea quanto ao casamento que diminui e o divórcio que aumenta. Ora, se há informações que dizem que quando o casal pratica uma religião e uma fé forte, o casamento se estabiliza e permanece no tempo, seria injusto pensar que a fé dos evangélicos casados é uma fé rasa, fé que sucumbe diante dos conflitos? Creio que não é questão de fé rasa, mas sim, falta de ensino de habilidades para superar as crises que surgem de tempos em tempos na relação conjugal. Não preparamos nossos jovens para o casamento, eles não sabem quase nada sobre as crises previsíveis conforme o tempo de casados, nem tampouco o que fazer para evita-las ou supera-las.
Estamos vivendo o tempo do “politicamente correto” em detrimento do “biblicamente correto”, e a massificação midiática da informação, quase que na sua totalidade contrária aos valores conjugais cristãos, seja por questões ideológicas ou culturais, escolhas de uma sociedade altamente permissiva, acaba afetando o comportamento individual também  dos cristãos, que já não caminha na contra cultura como antes.  Haja vista a união estável ao invés do casamento formal, relações líquidas e não duradouras, amores “facebookianos”, tudo isso, de alguma forma, desagrega e banaliza o casamento. O descompromisso talvez seja mais nocivo que o conflito em si, pois impede a perseverança e a busca de resolução para as crises. Crises e conflitos devem ser solucionados e não ignorados, isso não o fazem desaparecer, ao contrário, provoca acumulo de ressentimentos que vão aflorar mais adiante, chamado efeito “bumerangue”.  Administrar bem os micros conflitos impede que aumentem a sua gravidade e por fim redundem em divorcio.
Concluindo, temos uma crise financeira que leva os casais a trabalharem duro para manterem suas posições na empresa ou disputarem vagas de emprego, num intensa busca de qualificação profissional, ou mesmo de formação, consumindo energias e e recursos, e  trazendo como consequências um esfriamento associado ao estresse acumulado que acaba eclodindo dentro de casa. Enquanto isso os filhos chegaram e precisam de cuidados e do tempo dos pais, afastando ainda mais um do outro. Quando não, os filhos já estão crescidos, mas os pais que se afastaram por tanto tempo, perderam o sentido da relação e não conseguem voltar a se encontrarem dentro de casa como amantes. Com o aumento do estresse, a relação torna-se um barril de pólvora, a comunicação radioativa, altamente explosiva e assim, perde-se a alegria e a satisfação conjugal. Diante do quadro, casais optam para o divórcio, vez que aos seus olhos parece mais fácil e mais barato desistir do que investir, coisa que somente mais tarde verão o custo emocional e financeiro dessa escolha, pois vem a pensão do cônjuge, a pensão dos filhos, a estruturação da nova casa, despesas judiciais e advocatícias, além do enorme desgaste emocional que acaba levando a tratamento psiquiátrico ou psicológico. E nessa problemática toda, a igreja que não consegue ajudar satisfatoriamente no sentido de evitar a separação do casal. Tenho crido que a Bíblia traz respostas satisfatórias para todas as crises humanas, porém, é preciso mais que conhecê-las , é preciso que elas façam parte do dia a dia dos casais, para que assim se ande na sua luz, com mudanças de hábitos.
Concluímos que os filhos menores, a falta de tempo para os casais, as crises financeiras, o sexo ruim ou inexistente, e não compartilhamento dos deveres domésticos, estão entre os principais  fatores que determinam a insatisfação conjugal e o divórcio. O casamento por sua vez, tem sido trocado pela união estável, como que uma maneira de não assumir um compromisso formal com o casamento, e estar pronto para uma eventual separação, o que acaba engrossando ainda mais as já altas taxas de divórcios, pois como pode permanecer um casamento que desde o seu começa se prepara para o fim? Fica aí a indagação, e a nossa oração por um intervenção de Deus, usando seus filhos para uma ação eficaz contra esse estado de coisas.

Por Pastor Ismael R Carvalho

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