“ tribulação e angústia sobre
toda alma do homem que faz o mal...Glória, porém, honra e paz a qualquer que
pratica o bem...” Rm 2.9,10
Quando de minha conversão ao
evangelho fiquei maravilhado em descobrir nele uma diretriz a seguir . Estava
eu acostumado com códigos, regulamentos, hierarquia e disciplina, mas o
evangelho era algo totalmente novo, havia nele uma proposta diferente , uma
possibilidade de mudança radical, onde quem roubava não deveria roubar mais,
quem mentia não deveria mentir mais, quem adulterava deixaria o adultério, e
outras renúncias mais acompanhariam o processo de conversão. E então vi no
evangelho algo maior que os regulamentos militares, falava de mudanças à partir
do coração e da renovação do modo de pensar. Entendi que obediência é possível
acontecer apenas no exterior, por medo, ou outro tipo de pressão, mas a obediência
que Cristo propunha era profunda, voluntária e verdadeira. Eu comandava um
destacamento de Polícia na interiorana cidade de Bernardino de Campos, onde
residimos em família até os dias de hoje, e tinha sede de justiça, mas do meu
modo, com o meu senso do que é justo e legal ou não. O evangelho foi para mim
uma tremenda novidade e eu o desejei com toda força do meu coração, me abri
para as mudanças que se faziam necessárias. Hoje, a cada momento que me
confronto com o evangelho, eu me descubro precisando de novas conversões, vejo
que ainda falta muita coisa, mas tenho consciência que se operou em mim mudanças
importantes. Existem coisas más em cada homem, algumas são grosseiras, claras,
são perceptíveis até para as mais descuidadas pessoas que estão ao entorno. Por
outro lado, existem coisas que estão no escondido da alma, que não são visíveis,
que nem mesmo a pessoa se dá conta de que algo feio está lá, bem dentro dela,
nos porões secretos do homem interior. E a cada descoberta de algo feio, é um
desafio, uma luta para se desfazer daquilo, e o mais difícil, é que muitas
dessas coisas feias estão solidificadas, já se tornaram (maus) hábitos, já
fazem parte do caráter.
Quero dizer que mesmo já tendo
muito anos de evangelho, ainda tem trabalho para o poder do evangelho corrigir
em mim, e estou consciente e aberto a isso, mantenho o meu coração manso para
ouvir de Deus o que Ele espera que aconteça em mim, sobre mim e através de mim.
Mas por que estou dizendo estas
coisas? Sabe amados de Deus, tenho sabido de alguns que caminham conosco no
evangelho que ainda não se encantaram com Ele, que ainda não se despertaram
para a mudança proposta e necessária para se continuar caminhando, e assim, vão
fazendo o que é mau, maltratando pessoas, ferindo a família, entristecendo o
Espírito. Tenho aconselhado esposas cotidianamente, mulheres de Deus, mães de
filhos, esposas fiéis, mas que estão à beira de um colapso emocional, sem
direção, por conta de um tratamento truculento por parte do marido. Acho interessante
que elas , via de regra, começam a sua carta ( email) dizendo: “Pastor Ismael,
somos uma família cristã, somos evangélicos..., mas...” e depois dessa introdução
narram suas dores, suas angústias, e o inferno em que suas vidas se transformaram.
Elas gritam por paz, mas não são ouvidas, clamam por felicidade, mas eles não
estão dispostos a oferecer. Querem ser amadas, querem ser desejadas, queridas
por seus maridos. Geralmente o que pedem está no campo do afeto, do amor, do carinho,
coisas que seria natural, lógico encontrar dentro de um coração cristão. Mas a
lepra relacional torna algumas pessoas insensíveis demais, o evangelho não
penetra, o conselheiro não alcança, as tentativas são vãs. E assim, a família
cristã , esposas e filhos, vão vivendo mal, debaixo de um jugo que elas não
podiam nem em sonho imaginar que seria assim.
Estou escrevendo isso tudo, como
quem apela para as consciências, como quem grita pela família, pedindo aos
maridos, desçam de sua soberba e arrogância, pacifiquem seus corações e passem
a tratar melhor sua família, leiam o evangelho como quem aceita ser
transformado, escutem o grito da esposa e filhos, deixem a autojustificação,
pois sem Cristo, não há um justo sequer. Muitos não se sentem pecadores nesse
sentido, acham-se como sendo bons maridos e bons pais e por isso não veem
necessidade de mudanças, mas vou dar um conselho, antes de fazer um juízo, seria
bom perguntar a ela e aos filhos, como eles estão, se são felizes, se estão
tranquilas, sem grandes necessidades, se não tem falta de afeto, de carinho.
Pergunta a ela se o amor que está vivendo é o amor que um dia sonhou. Faça
isso, e irá descobrir que mudanças precisam acontecer, em nome da paz no lar.
Faça isso. Faça sua família feliz, esse é o papel de marido. Descubra, de novo,
o evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê. No amor de Cristo.
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