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sábado, 11 de janeiro de 2014

Quando o prazer vira dor, o vicio por sexo


Está sendo lançado no cinema à nível mundial mais um filme que trata da questão do vício sexual. Não publicar o nome do filme porque não quero ser garoto propaganda dele, quero apenas usar o momento para discutir , de novo, a questão do vício sexual.  ( Pastor Ismael)

“É ROLETA RUSSA”

O início de tudo para Guilherme*, hoje com 43 anos, foi o término de dois relacionamentos quando ainda era adolescente, nos anos 90. Da “pele para fora”, como diz, sua vida era normal: ia para a faculdade e seguia estudando. Da “pele para dentro” era dor e solidão. Ao perceber que havia algo de errado consigo, o engenheiro lembra que não conseguia manter uma relação saudável com ninguém e tinha um sentimento de anorexia no sentido de que sofria de uma “compulsão do não”: “Digo ‘não’ para ser feliz, digo ‘não’ para ter uma sexualidade saudável”.

A “anestesia” para isso veio por meio do sexo, como a masturbação compulsiva e relações sexuais com diversas pessoas em um curto espaço de tempo. Para se anestesiar da “culpa e vergonha” que vinha horas depois ou no dia seguinte, Guilherme lembra que a solução era repetir tudo de novo: “Aí é roleta russa. Chega uma hora que fazer a mesma coisa já não dá mais barato, você se acostumou. Quanto maior o risco, maior o barato”. Ele revela ter ouvido histórias de pessoas que abandonaram o trabalho, acabaram demitidas, contraíram DSTs, acabaram na delegacia. Alguns – e ele também – chegaram a frequentar um local religioso, em vão. “Você passa um período ‘limpinho’, mas uma hora você volta. É que nem pavio de vela, volta a queimar de onde parou.”

Em busca de ajuda, ele frequentou as reuniões do Dasa dos 18 aos 23 anos. O engenheiro se diz livre e distante dos antigos padrões há muito tempo. "Consegui desenvolver todas as áreas da minha vida de forma saudável. Tenho uma vida financeira legal, sou executivo, completei 18 anos de casamento. Acho que, mais importante, meu relacionamento comigo, com minhas dores, foram resolvidas. Salvou minha vida.”

O iG acompanhou uma reunião de dependentes anônimos e pode observar alguns dos pontos destacados pelo psiquiatra. Das nove pessoas presentes ao encontro, promovido semanalmente, todos aparentavam ter passado dos 30 e poucos anos e sete delas eram homens. Assim como em encontros de outros tipos de dependências, a disposição das carteiras de aspecto escolar, daquelas com apoio apenas para o braço direito, é em forma de círculo, de forma que seja possível ver os rostos de todos.

“Geralmente temos um pico de procura quando as pessoas leem matérias que expõem o que é dependência sexual, como o caso do Michael Douglas. A diferença entre a dependência química e a de comportamento é que esse conceito não é tão definido. As pessoas nem sempre se dão conta de que há um problema."
Quem chega é bem vindo, e logo se percebe que alguns já frequentam a reunião há um bom tempo e se conhecem dali, enquanto para outros é a primeira vez. Ninguém é obrigado a falar, mas quando falam, seguem o protocolo de se apresentar – mesmo quando são ouvidos pela segunda, terceira, quarta vez –, ao que todos respondem, e ao final de cada fala dizem “24 horas de abstinência” ou expressão similar.

Depoimentos são trocados, e a impressão é de que por mais que não seja a primeira reunião da maioria, os dependentes conversam sobre experiências do passado com a ideia de passar aos recém-chegados a sensação de que ninguém ali está sozinho. Estão todos juntos no mesmo barco, alertando uns aos outros sobre os perigos do vício em si, das dificuldades de não sofrerem uma “recaída” e de agir, muitas vezes, contra o que desejam. E talvez mais importante do que falar, é ser ouvido, enxergar a compreensão no rosto de quem ouve histórias e não se chocar, muito pelo contrário, saber exatamente o que o outro passou ou está passando.

VIDA SEXUAL MUITO ATIVA x COMPULSÃO SEXUAL

Uma das dúvidas mais recorrentes, segundo três especialistas consultados, é a confusão entre ter – ou desejar ter – uma vida sexual muito ativa e uma compulsão sexual incontrolável. “Tem que ter muito cuidado quando fala em viciado em sexo porque muitas pessoas classificadas como viciadas têm, na verdade, um apetite maior que a média. Não quer dizer que sejam viciadas”, diz Sandra Lima Vasques, psicóloga e consultora há mais de 20 anos do Instituto Kaplan, voltado para o tratamento terapêutico de dificuldades de cunho sexual entre a população carente.

“Tem gente que confunde porque quer sexo todo dia ou porque tem uma frequência alta, de três a quatro vezes por semana. Não tem nada a ver. Compulsão é gastar mais de 12 horas por dia procurando coisas relacionadas a sexo, é gastar o que ganha em sexo, é parar o que está fazendo para se masturbar, é uma vida voltada ao sexo”, explica Carla Cecarello, psicóloga e coordenadora do Projeto AmbSex. “A questão não é de frequência, é de qualidade”, completa Aderbal.

E quando o comportamento passa a ser um “sintoma” do vício por sexo? Aderbal, Sandra e Carla são unânimes: quando há “prejuízo”. Para o psiquiatra, existem três fatores que ajudam a identificar tal comportamento. Em primeiro lugar, o usuário sente que está perdendo seu poder de escolha, age não quando quer, mas porque “alguma força dentro dele o impele a fazer aquilo”; em segundo, há o prejuízo nas relações afetivas, no trabalho; e, por último, ocorre o “empobrecimento” da pessoa, o sexo não enriquece sua “experiência vivencial”.

“[Essas pessoas] acabam sofrendo um prejuízo. Colocam o sexo acima de tudo, dar uma escapada uma vez ou outra do relacionamento é uma coisa, mas se você faz isso todos os dias, é muito provável que seu par descubra. Você corre um risco desnecessário de vida, acaba no meio de um lugar que habitualmente não iria. Elas não conseguem ter limite. Precisam de ajuda”, conta Carla. Em “Shame”, por exemplo, em seu surto final, Brandon, que durante a maior parte do filme dá a entender que é heterossexual, vai para uma casa noturna GLS, onde se envolve com outro homem.

Carla observa ainda que outras compulsões, por apostas, comida, gasto excessivo de dinheiro, alcoolismo e drogas, podem servir de ponte para o vício pelo sexo. Aderbal concorda: “Existe um ditado na psiquiatria que diz que o principal fator para você ter uma doença psiquiátrica é ter outra, quem tem uma está mais predisposto a ter uma segunda, quem tem duas, pode ter uma terceira, e assim por diante. É mais frequente em casos de depressão, ansiedade, mas não é regra”.

TRATAMENTO

Quando se fala em vício ou compulsão sexual, se fala em tratamento, mas não em cura. Os mais comuns são terapia com acompanhamento profissional, grupos anônimos e medicação, este último aplicado em duas circunstâncias, afirma Aderbal Vieira. “Quando a pessoa tem outro problema, quando está deprimida, o tratamento é farmacológico. Em casos muito raros, quando o paciente está subindo pelas paredes, está muito descontrolado, posso usar a medicação para sintomaticamente reduzir sua libido, dar uma medicação que tem esse efeito colateral.”

No entanto, há muita pesquisa a ser feita. Aberdal informa que Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), referência para psicólogos e psiquiatras, já possui uma categoria voltada para o impulso sexual, mas “ainda existe uma solidez suficiente sobre quais critérios serão adotados para ser impulso”.

“Rico” defende que o vício por sexo seja encarado como o consumo excessivo do álcool. “A humanidade enxerga o alcoolismo como doença e trata de outra forma. A gente espera que faça o mesmo com o sexo. Um dia as pessoas vão levantar a bandeira amarela antes de destruírem suas vidas completamente”, diz o porta-voz do Dasa.


Veja mais sobre a matéria nestes links:

http://casadosemcristo.blogspot.com.br/2009/01/compulsao-sexual-adicao-sexual-impulso.html

http://casadosemcristo.blogspot.com.br/2010/08/o-que-e-compulsao-sexual-e-tem-cura.html



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